A prostatite é, literalmente, a “inflamação da próstata”. O curioso é que, de modo geral, nenhum paciente que sofre de prostatite tem uma próstata inflamada, por isso o nome é um pouco​​ incorreto. Pacientes com prostatite muitas vezes sofrem dor e desconforto na área ao redor e entre o ânus e o escroto. Eles têm a necessidade de urinar com frequência e isso pode ser muito inconveniente. Também pode haver uma sensação de queimação no momento da micção e algum desconforto durante ou após a ejaculação.

 

Embora a prostatite seja muitas vezes considerada o resultado de uma infecção bacteriana na próstata, a inflamação, quando presente, ocorre espontaneamente. Alguns estudos sugerem que, na ausência de infecção, a inflamação pode ocorrer a partir da urina, sendo esta forçada para trás até as condutas prostáticas no momento da micção. Recentemente, questionou-se se a inflamação pode eventualmente levar ao câncer de próstata, o que é uma possibilidade, uma vez que as células inflamatórias podem danificar o DNA em células da próstata. Por outro lado, pode ser difícil de erradicar a infecção porque as bactérias responsáveis costumam ser​​ inacessíveis aos antibióticos. Isso acontece porque elas geralmente se escondem dentro da próstata.

 

Fatores de Risco

 

A prostatite ocorre mais comumente com os homens na faixa etária entre 30 e 50 anos, mas ela pode afetar homens de qualquer idade. Na realidade, a maioria dos homens que sofrem dessa doença não costumam apresentar fatores de risco muito identificáveis.

 

Homens com histórico prévio do problema ou com infecções sem tratamento do trato urinário são os que têm um risco aumentado de prostatite. O sexo anal desprotegido também pode ser outro fator de infecção​​ da próstata.

 

Testes

 

Pelo fato de a prostatite muitas vezes ser resultante de alguma infecção bacteriana, o médico geralmente solicita ao paciente uma amostra de urina e secreções prostáticas para as bactérias, enviada ao laboratório para análise. As secreções são recolhidas em um vaso​​ estéril, a partir da uretra e, apesar de ser um processo um tanto desconfortável, não é doloroso. Depois é recolhida uma segunda amostra de urina que, no caso de infecção bacteriana, serve para providenciar a cultura de bactérias junto com as secreções prostáticas. Este método também possibilita a identificação do tipo específico de bactéria e a respectiva prescrição de antibiótico.

 

Outros testes

 

Dependendo dos sintomas, o médico também pode verificar a incidência de BPH ou cancro da próstata. É importante lembrar também que a prostatite pode causar um aumento temporário no nível de PSA no sangue, especialmente quando o inchaço é significativo. Ela também pode causar o aumento do fluxo de sangue na próstata, o que pode ser​​ revelado através de um estudo de ultrassom transretal da próstata via sonda de cor Doppler. Por outro lado, se existir a suspeita de algum abscesso prostático, uma tomografia computadorizada pode confirmar e excluir o eventual ​​ acúmulo de pus na próstata.

 

Tratamento

 

A prostatite pode ser um problema muito difícil de tratar e alguns homens sofrem por bastante tempo, sem alívio. Muitos passam por vários pareceres médicos; e podem até ser orientados a tomar antibióticos a longo prazo, entretanto sem melhora.

 

A abordagem mais pró-ativa e holística é a que combina o melhor do conhecimento médico com as técnicas para resolver alguns dos problemas de estilo de vida e bem-estar que podem contribuir para o desconforto do paciente. Por exemplo, através de uma terapia complementar, uma massagem de tecido profundo para a parte posterior, tem havido melhorias significativas que ajudam muitos pacientes a conseguir alívio sintomático quase imediato.

 

Se a causa dos sintomas for uma infecção bacteriana, o indicado é um tratamento com antibióticos apropriados. O paciente pode precisar tomar esse medicamento por um período relativamente longo, talvez entre ​​ 4 e 6 semanas, e é muito importante que o tratamento seja seguido e concluído corretamente. Também podem ser prescritos​​ anti-inflamatórios, tais como o Voltarol (Diclofenac) para reduzir a inflamação na próstata.

 

Se as bactérias não forem a causa presente da prostatite, pode ser administrada uma droga anti-inflamatória isoladamente. Antibióticos também podem funcionar porque as bactérias podem estar escondidas em pedras de próstata ou em algum outro lugar profundo dentro da glândula.

 

A prostatite, embora problemática, não oferece risco de vida e não foi comprovado que seja uma causa para qualquer BPH ou cancro da próstata. A condição pode ser frustrante para o paciente e o médico, porém há evidências de que as melhorias de estilo de vida, especialmente a redução do stress e a modificação da dieta aumentam a imunidade natural e reduzem o risco de recaída.

 

Abcesso prostático

 

A prostatite com uma causa bacteriana pode conduzir à formação de um abcesso no interior da própria próstata. Nesse caso, o médico pode precisar de uma amostra de fluido a partir do abscesso, e a amostra pode confirmar que tipo de bactéria causou a​​ infecção, de modo a tornar possível prescrever os antibióticos adequados.

 

Às vezes os abscessos precisam ser drenados, o que envolve a sedação via anestesia e a passagem de um instrumento através do pênis, fazendo-se um pequeno corte até o abscesso e, em seguida, a pressão sobre o abscesso para permitir que o pus escorra para fora. Antibióticos e um eventual período de cateterismo também são frequentemente necessários, devido à dificuldade de passagem da urina em função do inchaço associado.

 

Prevenção

 

A prostatite é a enfermidade da próstata sobre o qual menos se conhece. Por isso, ainda não existem formas exatas ou totalmente eficazes para combater esse problema. A melhor orientação diz respeito a evitar os fatores de risco sempre que possível e a consultar​​ o médico em qualquer caso de suspeita de infecção do trato urinário. Além disso, manter um estilo de vida saudável, consumir uma dieta baixa em gorduras saturadas, fazer exercícios regulares e estar​​ sempre vigilante sobre como evitar um risco de infecção,​​ especialmente durante a relação sexual.

 

Prostatodinia – Dor sem inflamação

 

Eventualmente, alguns homens sentem dores que parecem vir da próstata ou da área circundante, mas a investigação não confirma qualquer inflamação ou infecção. O que causa esta condição, chamada de prostatodinia ou síndrome de dor pélvica, não é realmente conhecido, embora possa resultar de espasmo dos músculos pélvicos provocados por estresse e ansiedade. Dependendo dos sintomas, o paciente pode ter que ser tratado com alfa-bloqueadores durante algum tempo, ou com relaxantes musculares. Entretanto, novas pesquisas são necessárias para identificar a causa essencial do problema, melhorar a taxa de cura e reduzir a perda da qualidade de vida das pessoas afetadas.